segunda-feira, 6 de julho de 2009

ERA

Aventurar-se
com olhos de criança
mas com a consciencia
de quem já viveu
muitas eras...
Fascinante alquimia
é evoluir junto a outro ser
Nenhum componente permanece
igual.
A mudança acontece
nos dois lados da
equação.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

PEDAÇOS DE MIM

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo

Marta Medeiros

Sistema imunológico

Que o céu
alcance cores
mais bonitas
como as flores...

Que o beija-flor
fuja e voe...e
que a borboleta dure 
um dia apenas.

E que o céu se feche
quando não puderes
ve-lo ao meu lado,
a nuvem que passa me pertence.

A lua que nasce
canta o ninar para o sol.
Lentidão que ligera o mar,
dilacerado pelos raios a virar pó.

Entendo se escolheste o mundo,
tudo é tão redondo..
sol, lua, terra, cérebro...
Eu já perdi o medo!

domingo, 17 de maio de 2009

VIDA

vida
davi
diva volta
tola
talo


para sempre

lado a lado
e eu me divirto,
me divido
te duvido!

domingo, 10 de maio de 2009

Rodoviária

A rodoviária só é boa
em uma única ocasião:
Quando você chega e tem alguém a te esperar;
ou quando você espera alguém chegar.

Porque, por mais que se queira,
ir embora é sempre mau
pior ainda é deixar a pessoa na rodoviaria
e vê-la partir...

Rodoviárias não deveriam existir!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

sem pensamentos

Procuro
a poesia
que a mente me 
furta!

Resta 
agora
ser só... e poder chegar
no elevado
nivel de inconsciencia
para roubar poesia e ser presa
entre linhas de uma folha de papel.

Então eu 
acharia o máximo
ver o sol nascer 
quadrado 
e fazer poesia
pros "homi" que
vigiam a noite.

Furtaria os peomas que
fugissem
até que pegasse 100 anos de prisão
nas entrelinhas de um caderno,
caderno esse em 
extinção!

domingo, 26 de abril de 2009

Situação

Que os jovens absorvam

o que há com o mundo

para que não repitam

amanha!

sábado, 25 de abril de 2009

No longo caminho

Em uma amizade
daquelas de verdade
há o equilíbrio: VOCÊ

e a equilibrista: EU

Pergunta-se:
o que seria da
equilibrista
sem o equilíbrio?

(Para Aline de Oliveira Pimentel-e a saudade que está entre os vãos de nossas almas)

Como "cantar" uma história

Fazendo música
e jogando Mário
como criança que não sabe nada
e, assim, sabe tudo.

De que adinata ter
tanta história pra contar
e ninguém para ouvir...?

Mas tenhu certeza
de que se fosse música
ele ouviria..
até sentiria, quem sabe?!

Se talvez eu ritmasse
minhas histórias;
Se talvez eu as contasse
com tambores e violinos...

Ainda assim,
creio eu,
que ele prestaria mais atenção
na melodia.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Anticoncepcionada

Cheia de dúvidas
porém sem dívidas...

E era ele quem reclamava.

Ele era contagioso e
nem se embriagava
com o anticoncepcional.

E ele duvidou
endividou-se
engravidou-se de graves
infelicidades.

Já ela tomou o anticoncepcional
livrando-se do medo...
Era feliz, de fato,
e nada pediu ao ver
uma estrela cadente!

(Para aqueles que eu realmente aconselho um "anti"qualquer coisa).

NA REAL

SeJa CrIaNçA
MaS nÃo SeJa
iNfAnTiL.
SeJa AdUlTo
MaS nÃo SeJa
ImBeCiL!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Balanço

O mundo torna-se fascinate
e eu tento acreditar que há um Deus;
mas o balanço vai e vem.
Eu tento pensar que o amor dá certo;
mas o balanço vai e vem.
Eu sentada nele acompanho o vai e vem.
No lugar do coração eu tenho um cérebro
que vai e vem.
Quando vai, é tão bonito acreditar no infinito.
Quando vem, eu recomeço.
Vai e vem.
Quando vai deixo tudo pra trás;
quando vem vejo tudo igual.
Quando vai, Deus volta a existir;
Quando vem, ele nunca me viu.
E assim o mundo caminha até que pare o balanço.
E quando para eu dou mais impulso.
E ele vai e vem, vai e vem, vai e vem...
Infinito, pequeno, curto
e parou!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Vírus (a)

Tão pequena que tropeçou num átomo. E seu pulmão enchia-se com uma molécula de oxigênio.
Cavava a areia e colocava em seu balde como se enchesse de açúcar uma xícara sem café.
Mergulhava numa gota quase se afogando. Corre menos que as formigas.
Mas quando dorme sonha sonhos gigantes...capazes de engolirem o planeta.
E se tornou grande.
Tão grande que não cabia no mundo. Mas será que tinha uma alma?
Podia ter beleza oculta. Escondida o que era óbvio. E volto a falar de beleza. Beleza não é tamanho.
Tão quadrado que parecia uma estante. Tão formosa que parecia demente.
Tanta energia que ao invés de andar levitava. Tão apagado que parecia estar congelado.
Tão mesquinha que não dava nem risada. Tão alegre que enjoava de se ver.
Na fome da vida disputou uma acerola com uma abelha...
Lutou com uma borboleta por uma flor cheia de néctar...
Tão leve que foi levada pelo vento... do espirro de um bebê.

Impávidos minúsculos corações

Fora presa. Passeava na avenida, calor intenso de uns 40°, carros abrindo feridas no ozônio. Do alto vinha um som sutil, que parecia de algo bem pequeno. Estava passando por uma humilde lanchonete onde avistou a gaiola e o minúsculo elemento a cantar (como poderia cantar?). Era quase inevitável. A dor não pára. Num pulo ela agarrou aquela frágil jaula, quebrou-a com se, com pressa, abrisse uma bala. Adrenalina. A figurinha cantante cantava com grande afã, com medo, e debatia-se pelos “cantos”. Como em qualquer outra cidade grande, havia uma viatura da PM como parte da ferida, passando na avenida, que fora subitamente surpreendida pela dona da lanchonete-velha tirana e indiscreta.
Levaram a moça. Ainda revoltada segurava pedaços descartáveis de madeira, fragmentos do cárcere. O canto havia cessado. O transito voltava ao normal. O barulho era mudo e indiferente. A moça, agora, cantava em sua cela (como poderia cantar?). Salvara a sua intenção de liberdade, mas não a existência de uma pobre criatura que nem sabia voar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Assisado


Quando tu apertas esses olhos pequenos parecendo esforçar-te, em que tanto pensas?
O que tu sonhas enquanto o sol exibe sua vaidade ofuscante lá fora?
Tua forma dormia conforme eu fazia silencio só para ouvir um mínimo ruído da tua risada nervosa. E eu te olhava. Eu ASSIS-tia tua maturidade de quem se preocupa com o mundo, com o que poderia evoluir dele e com uma prova que importaria continuamente para a estrada da tua vida.
O que tu tens no peito além daquilo que bate?
O que o mundo poderia esperar de ti?
Mas não deixes desbotar essa vontade vulnerável de alcançares o que, por justo merecimento, já te pertence.
No dia seguinte havia uma incerta mistura de olhos claros apertados-cujos eu não deixo escapar de minha percepção inocente-e um disfarce de distração. Não pude evitar em querer descrever. E em querer degustar a observação passando por despercebida, indiferente. Eu... Logo eu: dona de inquieto coração qual não me deixa dormir. Não! Não deixei passar. Guardei para saborear como sobremesa depois da refeição principal: “o conto”.
Por pura curiosidade, ou por uma curiosidade humildemente pura, eu me deixei encharcar pela vontade de ler “A busca”. Aquele conto em que tu buscas conter a inevitável preocupação. Prato cheio.
Um extremo contraste essa tua demonstração de sensibilidade se comparado às minhas, pobres palavras de um conteúdo simples, como quem escreve poesias e não as tem. Pouca sobremesa.
É que hoje eu só falo o que sei. Temos dois mundos: um é teu, o resto vem depois. E o resto não pára pra reparar no que é bonito e nem volta atrás pra consertar o juízo que eu notei faltar. Não há limites, há horizontes, e dá pra reparar as estrelas ouvindo acordes infinitos, coisas que o mundo já não vê. A irrelevância de passar por ele me faz tentar ser menos do que eu sei ser, só para surpreender. O que antes era o oposto. Vamos deixando passar o que foi essencialmente especial, que é agora especialmente desnecessário. Será que as estrelas do céu do quarto também são apenas reflexos de alguns milhões de anos atrás? Se o sol permite que o céu alcance cores tão bonitas quanto as flores, também pode permitir que nossos risos se batam de frente novamente e sempre.
Volto-me para os olhos apertados. Teu rosto decorado, colorado, mas nunca disfarçado, encarnado, mas o verdadeiro vermelho está no sangue, e o céu só é azul quando não chove. De repente as pessoas são egoístas, infantis e cruéis. De repente elas são felizes, grandes e fiéis. No entanto não vou abusar de eufemismo pra dizer de ti o que aspiro. Como puxar uma rede cheia de peixinhos. Tu tens tesouros inesgotáveis e a melhor amizade cabe num sorriso, o melhor conforto cabe numa palavra, porém tua beleza não cabe no que conhecemos por matéria. E todo dia tu vais buscar recuperar o que se foi dessa prova, e talvez todo dia tu escreva um conto, e quem sabe todos os dias teus olhos se apertem, tu estude para alcançar, tu te calas pra ouvir e hesita em falar, e teu silencio passa a ser o único que não me aflige. Pelo contrario: até rouba-me gargalhadas. Poderia parecer imoral que ao te ver apertar os olhos eu te vi existir (o que antes era uma duvida) e um pouco mais, te vi viver, me vi viva, e já não havia mais preocupação, apenas exemplo de bondade, apenas amizade em perfeita simetria.

domingo, 8 de março de 2009

Quase


Nasceu quando o mundo ainda caía em gotas, brincou quando ninguém percebia o arco-íris, cresceu quando já fazia sol. Não conheceu os espelhos, porém isso pouco importa diante de tanto encanto incógnito. Decorou sua alma com modesta anistia, sem precisar de alguém que o fizesse relevar. Inventou amigos quase tão impossíveis quanto imperecíveis. Não conheço sua doutrina. E qual seria essa que aos onze anos já havia feito o mundo desmerecer seu sorriso? Riso baixo, quase oco, rouco, louco, mas não pouco, muito. Grande como não se pode ser. Um dono de tudo sem se importar com nada. Passeava de mãos dadas com a perfeição que ganhara de uma estrela, única e verdadeira luz. E o “perfeito” restante coube às pessoas que aprenderam a olhar além de seus próprios umbigos. A culminância assisada, exata, ingênua, inacabada, foi-lhe dada ao surgir. Mas o mundo começou a es-correr. E ao sair de casa deu de cara consigo. Sem julgar nem jogar, ignorou a singela graça que enfeitava tamanha fonte abundante de mapas da felicidade. Num dia de raios e trovões limitou-se a ritmar a calmaria da sua dignidade. Nos dias de vento o mundo saía do eixo, no entanto ele permaneceu com placidez infinita buscando equilibrar-se. Nunca tombaria se, todavia, não tivesse olhado pela janela e visto algo que não era de seu engenho: um botão. Não apenas um botão, mas sim um broto branco envolto de verdes inacreditavelmente compassivos. O branco, cor mais completa e quase invisível se comparado à maravilhosa formosura de quem o observava, o fez cair. Enquanto caía, o botão abria e ele só ria, só ele ria, só ele via, caindo leve como a pena da asa de um anjo, como alma, como chuva fina. Caiu, enfim, sem indignação, sem ai nem ão. Arriscou-se levantar, sujeitou-se olhar. Deu àquela tão gentil conseqüência de um botão, o nome de rosa, pintou-a com de azul com um pincel feito de alma, pétala por pétala (esse foi o nome que deu às suas folhas perfumadas e suaves), passou a regá-la, a fez crescer feliz, completa, serena. Depois da obra tão cautelosa concluiu que tê-la do lado de fora não bastava. Queria mais que vê-la pela janela. Queria que ela perfumasse seu espaço, que enfeitasse seu ambiente, que colorisse o seu lado. Ele não quis plantar outras rosas, queria apenas aquela que o tomara subitamente para si. Estava distante demais, não agüentava tanta saudade, a janela era longe do quintal. Decidiu, no entanto, esperar que ela se firmasse melhor. Enquanto esperava cantava para ela, tocava nela, levava presentes para ela. Um dia lhe deu a mão, no outro lhe deu carinho e amigos. Certo dia lhe deu o sorriso como melhor presente. Era primavera, ele a levou. Foram os três dias mais felizes da breve passagem pela terra de ambos. Porém ela ainda necessitava indispensavelmente estar lá fora, pelo menos na primavera. Restaurando a saudade que parecia infinita a cada manhã. O mundo terminara de escorrer por completo, mas ele, a espera de sua rosa, não pôde ir. Então conheceu o imperfeito, o incompleto, o medo, coisas que não participavam de sua indomável, inigualável e eterna beleza. Determinou então que fugiria desse mundo feio e incapaz de amar, e iria para “um mundo” onde continuaria sendo o mesmo, com os mesmos amigos, fazendo as mesmas coisas, pois o que é perfeito não precisa mudar, basta existir. Passaram-se tempos, mas ele ainda esperaria, mesmo que ela não fosse, ele estaria esperando, porque esperar faz parte de um dos dons da maior pessoa que eu já conheci, da melhor pessoa que parece existir, da pessoa que eu duvidava ter nascido, que eu hesitava encontrar, mais do que amigo. Brilha mais do que o sol. E a eternidade, se comparada a ele, ainda está no diminutivo.